sexta-feira, 13 de junho de 2014

DEBATEANDO TEMAS - CRANIOLOGIA, FISIOGNOMIA E CARACTEROLOGIA

Uma pseudociência é uma falsa ciência, ou seja, um conjunto de idéias e teorias que são incorretamente apresentadas como científicas ou comprovadas, com o objetivo de alcançar legitimidade frente ao público em geral. Boa parte delas é baseada puramente em crenças antigas, que datam de uma época onde o pouco conhecimento que o homem tinha do universo, levava forma compreensível e a especulações fantasiosas.

A crença na influência dos corpos celestes em eventos terrenos, por exemplo, é uma herança de culturas primitivas que viam o Sol, a Lua e outros astros como deuses. Apesar de seu caráter divino ter sido abandonado à medida que a astronomia revelou sua natureza ordinária, os poderes dos astros celestes ainda são estudados pela astrologia. Outras pseudociências deturpam conceitos científicos comprovados, de forma a usá-los em suas explicações e teorias. 

Pseudociências médicas, por exemplo, anunciadas como curas eficazes para uma variedade de doenças, podem causar danos à saúde que vão desde um simples atraso na cura de uma condição médica de baixa gravidade até a morte. Danos consideráveis também são causados quando uma pseudociência se infiltra no sistema político ou educacional. "É indiferente aos critérios para estabelecer evidencia válida, é subjetiva, depende de convenções arbitrárias a cultura humana ao invés de regularidades imutáveis da natureza." (COKER, 2012).


"O Homem Vitriviano" Leonardo da Vinci, -Acesso em 13 de junho de 2104, 10h02min. Disponível em : http://webs.adam.es/rllorens/picuad/leonardo_files/leofig01.jpg



Ao analisar o desenvolvimento das ramificações científicas no decorrer da História da Humanidade, segundo historiadores no começo do século XIX a física, a astronomia, a química já estavam estabelecidas no universo científico, enquanto a Medicina foi a última ciência a se desenvolver.
"Atrelada a princípios e diagnósticos da antiga teoria grega e métodos terapêuticos Bárbaros" (SABBATINI, 2011). Os métodos não eram nada convencionais sendo utilizada a sangria, a cauterização de feridas com fogo ou óleo fervente e medicamentos a base de raspa de caveira de enforcado com barba de morcego. 



Diferenças morfológicas entre o Homem e a  Mulher - "Perícias Criminais Tecnologia do Bem" Acesso em 13 de junho de 2014, 10h35min. Disponível em: http://periciasandremarquesrecacho.blogspot.com.br/p/anatomia-e-fisiologia-humanas.html. 

A craniologia, a fisiognomia e a caracterologia surgiram no espaço científico como pseudociências médicas e antropológicas utilizando como apoio conceitual o método cientifico experimental solidificado por Galileu, Newton e Lavosier, gerando interpretações e aplicações errôneas. Com o desenvolvimento das pesquisas científicas, estas teorias no futuro "foram jogadas no lixo da história da ciência médica"(SABBATINI, 2011).  A Frenologia surgiu ditando tendências para o eixo da craniologia, desenvolvida por um médico Alemão Franz Josep Gall (1758-1828), pioneiro na noção que diferentes funções mentais são realmente localizadas em diferentes partes do cérebro. Conceitos mostra que a Frenologia (de phenos= mente e logos=estudo). 

O artigo " A anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso e do Cérebro em Particular" (GALL apud in SABBATINI, 2011). Neste artigo discute que os princípios das faculdades morais e intelectuais do homem são inatas e sua manifestação depende da organização do cérebro, propõe que o cérebro é composto de sub-órgãos particulares, relacionado ou responsável por uma determinada faculdade mental,e que, a forma externa do cérebro e o desenvolvimento dos órgãos associados causam mudanças no crânio, podendo ser usadas como diagnóstico das faculdades mentais particulares de cada indivíduo. Sua teoria tem base pela observação numerosa e cuidadosa de indivíduos após muitas medidas experimentais em crânios de parentes, amigos e estudantes. Seu argumento correlacionava certas faculdades mentais particulares a elevação e depressão na superfície do crânio, sua forma exterior e a dimensão relativa.





Gall pensava ter descoberto 37 faculdades mentais particulares , elevações e depressões na superfície do crânio ósseo. Suas explicações estavam argumentados no contexto que essas marcas externas do crânio era resultado da hipertrofia de determinadas estruturas cerebrais internas. Este perído da história a ciência médica procura dissociasse da influencia religiosa, esta teoria sustentou ideias onde a alma, as virtudes, os vícios, as razões e as emoções dos seres humanos eram unicamente determinadas por leis naturais e recorriam do cérebro e da evolução, sem imperativos divinos. Utilizavam mapas frenológicos para diagnosticar características mentais e psicológicas das pessoas, pela apalpação dos calombos no escalpo e sua identificação nos mapas preparados. 

A craniologia foi uma pseudociência que classificava as pessoas de acordo com a raça, temperamento criminal e inteligência. Tornou-se influente na Era Vitoriana e foi usada por britânicos para justificar o racismo, a colonização e o domínio sobre o que denominava-se "RAÇAS INFERIORES", como os irlandeses e a tribos negras africanas. O pragmatismo de raça inferior estava diretamente associada a classificação de homem em relação a própria evolução  - os chipanzés e macacos. Nesta época surge a antropologia criminal, pelo médico italiano Cesare Lombroso (1835-1909) associava determinava características corporais ao tipo de criminoso, afirmando que maxilas proeminentes eram de pessoas com tendência a cometer assassinatos e mãos longilíneas e barbas ralas de pessoas com forte tendência a cometer roubos.

O uso da antropometria pseudocientífica foi feita pelos antropólogos e médicos nazistas, no "Departamento de Higiene Racial do Ministério do Interior e no Escritório para Esclarecimento da Política Populacional e Bem-Estar Racial," (SABBATINI, 2011) no qual propuseram a classificação de arianos e não arianos com base nas medidas quantitativas do crânio. Este conceito sustentava o ideal de uma raça superior, na qual o povo germânico constituía. Estas pseudo-teorias raciais foram inventadas por escritores, médicos, teóricos, políticos e grupos antissemitas - como O Barão de Coubetin, Alfred Rosenberg, Adolf Hitler e associados. Justificavam sua política criminosa com extermínio para todos os que não eram considerados arianos, os sub-homens (Untermenschen), para o crescimento da nação Alemã e posteriormente a dominação do mundo. 

Seguindo estas ideologias milhões de inocentes foram massacrados por esta grotesca pseudociência, tendo como cúmplices médicos e cientistas. MOvimentos dessa magnitude nos leva a refletir como esse tipo de pideologia pode fortalecer injustiças. Levando para o espaço geográfico brasileiro, na atualidade existe vários tipos de discussões no aspecto racial e de classe. Relacionando a cor e as oportunidades para a população, empregamos nossas opiniões e conceitos nada fundamentados sobre a política de cotas e o racismo,  chegando a sustentar que no país não existe preconceito e nem tao pouco racismo, estas falácias mascaram um cortesia superficial que encobre atitudes e comportamentos discriminatórios. Acabamos promovendo o ciclo das desigualdades, seja no contexto antropológico, no aspecto de direitos sociais, na política de integração, no campo educacional e nos vários tipos e segmentos culturais. Partindo do contexto que que todo preconceito gera discriminação, intolerância, desigualdades de acesso aos direitos sociais, políticos, culturais, jurídicos e violência nas diversas formas de manifestação.

Vamos ampliar nosso intelecto para construir ações onde a paridade seja sustentada pela equidade de oportunidades, o homem não seja julgado ou excluído por causa de suas característica físicas, mas por sua capacidade de ampliar conceitos e articular conhecimentos, usando de forma sustentável e regulamentando aspectos na área da sociabilidade das diferentes matrizes genéticas no país.

Autor e Pesquisador: Alex Santiago Duarte

Referências:

  • SABBATINI. Renato M. E. História da Medicina - Craniologia: a pseudociência médica. Revista Ser Médico. Edição 56. Julho-Setembro, 2011. pag. 27.
  •  SABBATINI. Renato M. E. Artigo - Frenologia: A História da localização Cerebral. Acesso em 13 de junho de 2014, 09h29min. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenologia_port.htm.
  • HEILBRON, ARAÚJO & BARRETO. Maria Luiza, Leila & Andreia. Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça / GPP - GeR: módulo III. Rio de Janeiro: CESPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.

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