quinta-feira, 17 de julho de 2014

EXCLUSÃO E O FILME "O XADREZ DAS CORES"



                           POR RANDER B. PRATES


No Brasil, a discriminação racial foi historicamente construída, principalmente em função do processo político e econômico ao qual o Brasil esteve inserido desde o século XVI, com o regime escravocrata e sua posterior abolição que, desprovida de uma política de inclusão social ou de reparação, contribuiu para a exclusão social dos negros no Brasil.

Por outro lado, vivemos em uma sociedade sexista-machista, que historicamente, desvalorizou, e ainda desvaloriza o papel da mulher na sociedade, colocando-a, muitas vezes, em uma relação de submissão em relação ao pai e, após o matrimônio, ao marido, desconsiderando, inclusive, a possibilidade de relação homoafetiva, como se a mulher sempre dependesse de uma figura masculina para supri-la.


De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no Estado do Espírito Santo, ano de 2010, os homens possuíam uma remuneração média mensal de R$ 1.562,34, enquanto as mulheres possuíam uma remuneração média mensal de R$ 1.061,20 (IBGE, 2010), ou seja, no Espírito Santo os homens possuem, em média, remuneração quase 1,5 vezes maior. Considerando as diferenças de remunerações médias entre brancos e pretos, temos a seguinte situação: a remuneração média mensal dos brancos foi de R$ 1.659,95, enquanto a remuneração média dos pretos foi de R$ 940,84. Continuando a comparação por cor, tivemos as remunerações médias dos amarelos em R$ 1.217,52, dos indígenas R$ 1.142,58 e dos pardos R$ 1.029,68 (IBGE, 2010). Com base nesses dados, podemos afirmar que, no Espírito Santo, os brancos tem uma remuneração média 1,8 vezes maior que os pretos, ou seja, quase o dobro das remunerações médias.

PARA COMPLEMENTAR A DISCUSSÃO ASSISTA AO CURTA-METRAGEM BRASILEIRO “O XADREZ DAS CORES”, DE 2004, DO DIRETOR MARCOS SCHIAVON, COM O ELENCO DE ZEZEH BARBOSA, MIRIAM PIRES E ANSELMO VASCONCELOS.

FICHA TÉCNICA

Filme: O Xadrez das Cores
Gênero:Ficção
Diretor: Marco Schiavon
Elenco: Anselmo Vasconcellos, Zezeh Barbosa, Mirian Pyres
Ano: 2004
Duração: 22 min
Cor: Colorido
Bitola: 35mm
País: Brasil





DEBATEANDO O TEMA



Segundo dicionário on line de português a palavra DISCRIMINAR - DIS. CRI. MI. NAR  significa: 

"v.t.d e v.bit. Aperceber-se das diferenças; discernir.
v.t.d. Classificar tendo em conta algum motivo específico; listar.
v.t e v.pron. Construir um grupo (distinto) para não se misturar aos demais; distinguir-se por possuir algum tipo de preconceito étnico, religioso, sexual etc.

P.ext. Tratar de forma injusta; tratar de forma desigual, uma pessoa ou um grupo de pessoas, por motivos relacionados às suas características pessoais específicas (cor de pele, nível social, religião, sexualidade etc) (Etm. do latim: discriminare)"

 ( Dicionário On line de Português, Acesso em 17 de julho de 2014, 08:45h. 


Quando levamos para a discussão da discriminação racial, podemos chegar a conclusão que é um tratamento de modo preferencial e geralmente causa prejuízo para uma das partes. O tema central do filme - O XADREZ DAS CORES, esta enquadrado neste contexto, quando Cida precisa se sujeitar à situações humilhantes realizadas por sua patroa que é branca e racista, para assim conseguir dinheiro e garantir sua sobrevivência.

Ao olharmos para nossa formação escolar, as versões conflituosas nos livros argumentavam que os negros foram trazidos e aceitaram a condição sub humana a qual foram submetidos de forma natural. Assim os vários disparates conceituais do Ensino Formal Brasileiro mostra este processo histórico como algo habitual, parecendo que os negros nasceram para este tipo de tratamento. Também é correto pensar que na atualidade o ensino da disciplina de História avançou e,

"assim as atividades propostas em sala de aula precisam buscar uma visão mais contextualizada e menos romanceada da participação dos negros na História e os reflexos dessa construção histórica nos dias atuais. "
(PRADO. p. 02/03 - Acesso em 17 de julho de 2014, 09:18h. 
Disponível em:


Seguindo este caminho podemos lutar por uma sociedade que enxerga o negro com cidadão e possui direitos e deveres, mas estes projetos existem apenas na forma de Leis, na prática o que realmente existe é muita injustiça nos  aspectos  de gênero e raça no país. 

Este filme tem  vários momentos que causam incômodo, devido as tensões entre os personagens, a forma que o enredo foi construído nos convida a refletir e posicionar-se diante da tela com opiniões e argumentos que discutem as relações socais da vida doméstica e cotidiana. Assim o autor faz que façamos parte do jogo entre patroa e empregada. Quando pensamos sobre a referência ao jogo de xadrez podemos concluir que as questões apresentadas necessitam de raciocínio lógico e entender o preconceito em suas raízes.

No que tange as relações harmônicas e desarmônicas dos personagens do filme, é notório que cada um apresenta um determinado tipo e dialética, o rico e o pobre, o branco e o negro, a patroa e a empregada.É visível que as relações existentes são contraditórias e utilizam a força para determinar quem tem poder, enquanto a patroa Maria oprime a empregada Cida, esta utiliza o tabuleiro de xadrez como referência para conhecer a oponente e ao ver suas peças negras serem jogadas foras, não se satisfaz com a situação e estuda a patroa, ao buscar conhecimento Cida vai lutando contra o conformismo e realiza de forma concreta a transformação dos fatos de forma favorável.

O GRUPO 04, do Curso de Formação de Gestão de Politicas Públicas em Gênero e Raça, da UFES - Polo Santa Teresa tem como tema  central deste blogfólio discutir o GÊNERO E DIVERSIDADE: DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO FORMAL, convida os educadores para assistirem o filme e provocar um debate em sala de aula.

"É no confronte de idéias que a escola pode tentar garantir o espaço da diversidade e respeito."
(PRADO. p. 04 - Acesso em 17 de julho de 2014, 09:18h. 
Disponível em: 

(PCN, PLURALIDADE CULTURAL. apud PRADO, p. 01/02 - Acesso em 17 de julho de 2014, 09:18h. 
Disponível em: 
http://portacurtas.org.br/Parecer/%5B440%5D%20xadrezcores_ceciliaprado_PDF.pdf)

REFERÊNCIAS

IBGE. Censo Demográfico 2010: Rendimento – Amostra. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=es&tema=censodemog2010_rend >. Acesso em: 15 de Jul de 2014.

XADREZ das Cores, O. Direção: Marcos Schiavon. Intérpretes: Anselmo Vasconcelos; Miriam Pires; Rita Guedes e Zezeh Barbosa. Rio de Janeiro: MIDMIX Entretenimento, 2004. 22min, son., color., 35mm.

PRADO. Cecília de Oliveira. "Aplicabilidades na Educação". Projeto Curta na Escola PETROBRÁS. Acesso em 17 de julho de 2014, 09:18h. Disponível em: http://portacurtas.org.br/Parecer/%5B440%5D%20xadrezcores_ceciliaprado_PDF.pdf



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