terça-feira, 15 de julho de 2014

LUTA CONTRA ESCRAVIDÃO EM SANTA TERESA - ES




O munícipio de Santa Teresa, mesmo tendo uma colonização predominantemente italiana, também apresenta um histórico de escravidão e racismo em sua história, bem como histórico de lutas pela liberdade desses escravos, tal qual o que ocorreu em grande parte de nosso país.


Em matéria, o Jornal A Tribuna, baseado no livro São Roque do Canaã – Uma história de Fé, Trabalho e Vitórias, conta um pouco dessa história de luta no município. Essa é a história de José Calhau que ocorreu em 1898, tropeiro, mascate e jagunço mineiro que lutou para pôr fim a tirania de José Luiz Vivaldi, imigrante italiano, militar que odiava os negros.

Vivaldi, nomeado Capitão da Terceira Companhia do Quinto Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, em 1893, sendo responsável pela região de Cachoeira de Santa Leopoldina, implementou seu domínio militar caracterizado por sua hostilidade e terror, torturando os negros da comunidade de São João Petrópolis, no município de Santa Teresa, tendo decidido não cumprir a Lei Áurea assinada em maio de 1988, pela Princesa Isabel.

Capitão José Luiz Vivaldi
reprodução de família
José Calhau, tendo conhecimento dos horrores cometidos por Vivaldi, decidira pôr fim a tirania de Vivaldi, preparando seu bando, de 30 homens, para o ataque. O plano chegou aos ouvidos de Vivaldi, que colocou sua milícia de 36 homens de plantão – o Batalhão 36. Sabendo disso, José Calhau espalhara o boato de que desistiria do ataque.


Dessa forma, em 02 de novembro de 1898, Calhau e seu bando invadiram o Barracão de Petrópolis, dando fim a tirania de Vivaldi, que fora espancado e apunhalado diversas vezes, sendo tratado da mesma maneira que tratava os negros. Calhau ateara fogo no sobrado de Vivaldi, sendo este salvo por homens sobreviventes de sua milícia, sendo levado para uma gruta, perto de onde está localizada a Escola Agropecuária Federal de Santa Teresa, onde recebeu atendimento médico e se recuperou. Porém, ficou com uma sequela no braço direito. O capitão morreu em 9 de novembro de 1939, aos 83 anos. Seus restos mortais estão hoje em um túmulo simples no cemitério de São João de Petrópolis.


Através dessa história, podemos conhecer um pouco do contexto em relação a escravidão, não apenas no Espírito Santo, mas principalmente no município de Santa Teresa, bem como as questões de discriminação pós-abolicionista.

 

Por Joyce Minchio
Pesquisas na Comunidade Pólo - Santa Teresa / ES 
Casos de Discriminação e Preconceito Racial



Referências

Fonte: Matéria em A Tribuna, baseada no livro São Roque do Canaã – Uma história de Fé, Trabalho e Vitórias, de Luiz Carlos Biasutti e Arlindo Loss. – 16/11/2008


MORRO DO MORENO – Revolta do Calhau. Disponível em: <http://www.morrodomoreno.com.br/materias/revolta-do-calhau.html>. Acesso em 14/07/2014

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