quinta-feira, 10 de julho de 2014

3 EM 1 + VÍDEO - PARA REFLETIR


SEM MAIORES COMENTÁRIOS, ESTES ARTIGOS SERVEM PARA ENXERGARMOS OS VÁRIOS LADOS DA MOEDA E OS EXAGEROS COMETIDOS EM NOME DO FUTEBOL.


Com o Título – ZUÑIGA, NEGRO E LATINO-AMERICANO, esta matéria foi escrita por Sylvia Colombo, jornalista brasileira, correspondente internacional do Jornal O Folha de São Paulo. Esta matéria vem promover uma reflexão sobre como usamos as redes sociais para promover atitudes racistas e como palavras podem causar vários tipos de violências. Está disponível em http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2014/07/07/zuniga-negro-e-latino-americano/

POR SYLVIA COLOMBO

Não vou entrar no mérito da seriedade da falta que Camilo Zuñiga fez em Neymar.  Estamos todos tristes com a ausência do ídolo nesta fase final da Copa do Mundo. Mas é fato que a FIFA estudou as imagens e disse não ter havido deslealdade. Além disso, Zuñiga pediu desculpas. Repito, Zuñiga pediu desculpas.

Cegos de ódio e revelando intolerância, internautas brasileiros de diferentes origens e vertentes –e me espantei com a quantidade deles que está no meu círculo de amigos nas redes sociais– saíram a incitar a violência e exibir com pompa seu preconceito.

Estava em Bogotá nos últimos dias, e acompanhei a reação da mídia e da sociedade colombianas, espantadas e surpreendidas com a agressividade dos brasileiros na rede contra Zuñiga. As mensagens de ódio incluíam, nada menos, convocações para um estupro coletivo da filhinha do jogador, também o de sua mulher e, para coroar, um linchamento real de toda a família _para quem duvida que incitações a linchamentos virtuais se transformam em linchamentos reais, lembrem-se da mulher assassinada no Guarujá.


Até o endereço do jogador, em Nápoles, foi descoberto por um desses boçais e publicado na rede, sugerindo uma ação coletiva para assassina-lo. Isso mesmo, para assassina-lo.

 “Ódio aos colombianos”, “só servem para produzir cocaína” e “negro filho da puta” foram alguns dos impropérios que li nas redes nos últimos dias. Morro de vergonha de dizer que muitos foram ditos por colegas de profissão ou conhecidos, pessoas ditas “esclarecidas” e com seguidores.

Será que se a mesma falta fosse cometida por um ídolo europeu qualquer a reação seria a mesma? Ou será que se destapou uma panela que está sempre fervendo, a do desdém ignorante brasileiro com relação ao resto da América Latina? Arrasta-se por estas terras que se consideram abençoadas por um “Deus brasileiro” um preconceito que vem da elite imperial do século 19, aquela que considerava o Brasil um país branco, uma parte da Europa e que via do outro lado das nossas fronteiras uma terra de anarquia e barbárie. Mesmo sentimento que identifica a América Latina como sinônimo de algo folclórico e primitivo, mas que serve de destino turístico para explorar prostitutas nativas carnudas ou para comprar artesanato exótico.

Parece que um montão de gente está vendo na Copa do Mundo uma desculpa para soltar sua verdadeira essência brucutu, machista, racista e, nesse caso, latinofóbica. Obviamente, reclamam da “patrulha do politicamente correto”.

“Ah, quer dizer que não posso xingar a presidente (mulher) de vaca? Ou publicar uma montagem que mostre o Fred como um aleijado? Ou dizer que argentino é fedido? Ou chamar um negro de ‘filho da puta’? Ou colombiano de criminoso? No futebol sempre pôde, então vou me soltar um pouquinho…”, pensam eles. Natural, não? Imagino que seja mesmo difícil se fingirem de civilizados todos os dias do ano: respeitar mulheres, não soltar cantadas intimidatórias, não xingar negros, gays, asiáticos e latino-americanos. É pedir demais, parece. Segundo sua lógica, o futebol, afinal, sempre foi cheio desse tipo de ofensa, porque não aproveitar um pouquinho, se soltar, relaxar e ser bem escroto?


Só que não, não é “tudo bem” agir assim, nem que seja “só de brincadeirinha, só porque é futebol”. Os comportamentos violentos nascem desse tipo de raciocínio e modo de ver o mundo. As injustiças sociais e raciais no Brasil se perpetuam por conta disso. Assim como o modo como estereotipamos, ridicularizamos e insultamos nossos vizinhos.

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TORCEDORES USAM XINGAMENTOS RACISTAS PARA CRITICAR ZÚÑIGA





No espaço da Extra.globo.com mostra como a vida do lateral colombiano virou de cabeça pra baixo com as atitudes racistas e violentas do torcedores brasileiros. Reportagem publicada no dia 05/07/2014, 19:26, apresentando partes dos vários xingamentos e também a defesa de algumas pessoas da sociedade brasileira. 

Extra.globo.com

A vida do lateral Camilo Zúñiga, jogador colombiano responsável pela falta que provocou a lesão em Neymar, não está sendo fácil. Logo após o jogo, suas contas em redes sociais receberam uma enxurrada de críticas e xingamentos de torcedores da seleção brasileira. Boa parte das mensagens destinadas ao jogador são de conteúdo racista. No Twitter, a palavra mais usada para se referir a Zúñiga foi ‘macaco’, em uma clara tentativa de ofender e diminuir o jogador.

“Aquele macaco daquele jogador colombiano merece sofrer pro resto da vida dele”, escreveu uma usuária. “Tudo um bando de macaco esses jogador da colômbia”, compartilhou outra.
Até para pedir uma punição ao jogador, foi usado conteúdo racista. “Espero que esse macaco da Colômbia sofra uma punição”. “Copa sem Neymar. Raiva desse macaco da Colômbia”, escreveram outros dois brasileiros.



APESAR DO RACISMO DE BOA PARTE DA

TORCIDA BRASILEIRA, RAPIDAMENTE O

COMPORTAMENTO PRECONCEITUOSO TAMBÉM 

COMEÇOU A RECEBER CRÍTICAS.


Usuários lembraram o caso do jogador Daniel Alves, atingido por bananas durante um jogo pelo Barcelona, que resultou na campanha #somostodosmacacos, uma ação brasileira para pedir o fim do racismo nos estádios.


No início da partida entre Brasil e Colômbia, um anúncio da campanha #SayNoToRacism (#DigaNãoAoracismo) foi lido pelos capitães das duas seleções, Thiago Silva e Mario Yepes.

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AMEAÇAS E COMENTÁRIOS CONTRA ZUÑIGA EXPÕEM PRECONCEITO DENTRO E FORA DO CAMPO

CBF repudiou qualquer forma de racismo dentro e fora do campo. Acesso em 10 de julho de 2014, 09:29h -
Disponível em http://www.amambainoticias.com.br/esportes/ministro-exige-providencias-apos-jogador-sofrer-racismo-no-peru

No espaço ESPORETE < COPA, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a WWW.ebc.com.br com o objetivo de regulamentar o direito constitucional de amplo acesso dos cidadãos às informações dos órgãos públicos, traz uma reportagem com argumentos e informações que nos levam a refletir como as redes sociais, podem promover e sustentar violências e práticas racistas, reportagem feita por Lílian Beraldo, publicada em 07/08/2014, às 09:11h.


Por Lilian Beraldo

Logo após a notícia de que o atacante Neymar ficaria fora da Copa do mundo devido à lesão sofrida durante o jogo do Brasil contra a Colômbia, na última sexta-feira (4), o jogador Camilo Zuñiga, que alegou que a agressão contra o brasileiro não foi proposital, passou a sofrer ameaças e a ser alvo de comentários preconceituosos nas redes sociais. Em alguns desses comentários, ele chega a ser ameaçado de morte.

No Twitter, ao digitar “Zuñiga” aparece automaticamente como termo associado a palavra preto. Os comentários, de evidente preconceito racial, classificam o jogador de “preto desgraçado” e o comparam a “macaco”, “bandido” e “assassino”.

E não apenas o jogador é agredido. Em uma postagem no Instagram, a Colômbia é chamada de “país da cocaína”. Em várias fotos da família de Zuñiga, multiplicam-se comentários ofensivos. Na foto em que a filha pequena do atleta aparece ao lado da frase “Papi, te amo”, escrita na areia, o jogador é chamado de “animal”. A criança é ameaçada e chamada de “puta”: “Menina vai ser estuprada”.

Integrante do Instituto Mídia Étnica, Paulo Rogério critica a postura dos internautas e destaca que a situação evidencia o racismo da sociedade brasileira. “A situação de racismo, principalmente no Brasil, onde temos uma falsa ideia de democracia racial, é quebrada no momento em que há uma tensão, como naquele jogo”, afirma Rogério, relembrando a partida que terminou com a lesão de Neymar.

Ele destaca, contudo, que esta não foi a única demonstração de racismo vivenciada no Mundial. “A Copa do Mundo tem mostrado que esse é um assunto de grande importância porque os casos de racismo são cotidianos, seja esse caso mais recente contra o jogador colombiano, no caso dos espanhóis, que chamaram brasileiros de macacos, e em vários casos de xenofobia”, diz o publicitário, que trabalha no acompanhamento da cobertura da mídia em relação à questão racial.

Se atos de preconceitos não são novos, um elemento ajuda as agressões a ganharem forma e a se proliferarem: as redes sociais. “Muitas vezes, o anonimato e a possibilidade de fala livre faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para falar o que pensam. Tem um lado positivo, da ampliação da comunicação, mas também negativo, de uma série de violações de direitos humanos que a gente vê cotidianamente”, alerta.

O advogado da organização Geledés – Instituto da Mulher Negra, Rodnei Jericó, lembra que casos de racismo são cotidianos. “Hoje a mídia tem pautado, mas esse tipo de situação sempre existiu”, destaca. O advogado pondera, contudo, que a exposição dos casos pode contribuir para a conscientização e também para a responsabilização judicial.

Nas redes sociais não são encontrados apenas comentários racistas relacionados ao caso. Em muitas postagens, internautas criticam a postura preconceituosa dos demais, pedem cuidado e alertam que se trata apenas de um jogo de futebol. Outros cobram que os jogadores brasileiros se manifestem sobre as agressões, a fim de amenizar a situação. Diferentemente da campanha “#somostodosmacacos”, lançada pelo próprio Neymar, em abril, após Daniel Alves ter reagido a um comentário racista na Europa, ainda há poucas manifestações de personalidades na situação que envolve o colombiano.

Até agora, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Internacional de Futebol (Fifa), que antes do início da Copa do Mundo lançou a campanha #SayNoToRacism (#DigaNãoAoRacismo, em português), também não se manifestaram oficialmente sobre o caso.

O procurador federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Rios, alerta que os comentários racistas podem terminar na Justiça, já que racismo é crime tipificado no Artigo 20 da Lei 7.716/89, com pena de um a três anos de prisão. “Isso não tem a ver com liberdade de expressão. É absolutamente inaceitável qualquer discurso de ódio e violência”, afirma o procurador, que destaca que as pessoas que proferiram os comentários podem ser denunciadas judicialmente.

Rios avalia que o fenômeno da internet abriu a porta para um grupo que “estava adormecido e se sente à vontade, até porque o anonimato da rede facilita que haja essas intervenções”. O fato de o possível crime ser cometido na rede pode agravá-lo. Isso porque, de acordo com a legislação em vigor, a pena prevista é de dois a cinco anos de prisão e multa, quando o crime ocorre por meio de veículos de comunicação.

Aqueles que ameaçaram o jogador também podem ser incriminados, já que o crime de ameaça é abstrato, isto é, a ameaça não precisa ser confirmada em ato para que seja considerada crime, segundo explica o procurador.

Até agora, a procuradoria não registrou ações impetradas sobre esse caso, mas é possível que o Ministério Público atue na identificação da origem das agressões e, a partir da investigação dos fatos, dê início a um processo criminal. Foi o que ocorreu em 2010, quando uma estudante de direito, ao comentar o resultado das eleições presidenciais, escreveu no Twitter que "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!". Menos de dois anos depois, ela foi condenada a um ano, cinco meses e 15 dias de prisão pelo crime de racismo.

“A pessoa tem o direito de, dentro de determinados limites, defender as suas ideias, desde que não ofenda a dignidade de outras pessoas, sobretudo de grupos vulneráveis”, alerta o procurador, que lamenta que, em uma Copa do Mundo que teve a luta contra o racismo como tema, expressões desse teor ainda sejam verificadas.

O governo federal traçou a meta de fazer uma Copa sem racismo e estimulou a exibição de faixas, nas partidas, bem como o desenvolvimento de políticas locais de combate ao preconceito.

No Distrito Federal (DF) e na Bahia, por exemplo, as secretarias de Promoção da Igualdade Racial fizeram campanhas específicas sobre o tema. No DF, cinco postos da campanha “Copa sem racismo” foram montados nas rodoviárias, no aeroporto e em lugares turísticos. “Para poder conscientizar as pessoas que estão vindo sobre a legislação do Brasil e também divulgar o nosso programa, o Disque Racismo”, disse à Agência Brasil o secretário especial da Promoção da Igualdade Racial do DF, Viridiano Custódio.

Na Bahia, a coordenadora-executiva de Promoção da Igualdade, Trícia Calmon, disse que o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa também ficou disponível para o recebimento de denúncias. Além disso, a secretaria fez uma cartilha para informar sobre a legislação brasileira, material que tem sido distribuído em pontos de grande movimentação.

Até agora, contudo, esses equipamentos, tanto no DF quanto na Bahia, não receberam uma denúncia sequer. O descompasso entre o que se vê nas redes e o que se vê nos órgãos é explicado por Custódio como fruto da falta de informação.

Para Trícia, o reduzido número de denúncias do crime de racismo se deve ao “fato de [o racismo] ser muito banalizado e [de haver] a descrença no Judiciário, por conta de morosidade ou porque o sistema tem demorado ou não dado respostas satisfatórias nesses casos”.


DIRETO DA FONTE 


GOVERNO DISCUTE AÇÕES PARA ENFRENTAR RACISMO NA COPA DO MUNDO 

MARÇO DE 2014 - LUIZA BAIRROS 
Ministra-chefe de Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial




POSTADO POR: Maria Margareth Cancian  Roldi
                             Alex Santiago Duarte leite da Silva


       REFERÊNCIAS:

COLOMBO. Sylvia. Zuñiga, negro e latino-amerincano, Espaço Latinidades. Folha de São Paulo - um jornal a serviço do Brasil. Publicado em 07 de julho de 2014, às 09:35h. Acesso em 08 de julho de 2014, às 10:25h. Disponível em: http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2014/07/07/zuniga-negro-e-latino-americano/.

EXTRA.Globo.com.Torcedores usam xingamentos racistas para criticar Zuñiga, Página  Esporte. Revista Digital Extra.globo.com. Publicado em 05 de julho de 2014, às 09:17h. Acesso em 10 de julho de 2014, às 07:56h. Disponível em: http://extra.globo.com/esporte/copa-2014/torcedores-usam-xingamentos-racistas-para-criticar-zuniga-13145832.html 

BERALDO. Lílian. Ameaças e comentários contra Zuñiga expõem preconceito dentro e fora do campo. Página Esportes / Copa. Portal EBC. Públicado em 08 de julho de 2014, às 12:43h. Acesso em 10 de julho de 2014, às 08:45h. Disponível em: http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/07/ameacas-e-comentarios-contra-zuniga-expoem-preconceito-dentro-e-fora-do.

BAIRROS. Luiza – Ministra –chefe da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade racial. DIRETO DA FONTE: Governo discute ações para enfrentar racismo na Copa do Mundo. Vídeo do Conselho Nacional de Justiça. Publicado em 13 de março de 2014. Acesso em 10 de junho de 2014, às 09:55h. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vBk5LwGuBJc

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